28/08/2020

ATÉ TU BRUTUS ?

Para um bom entendedor meias palavras bastam, enquanto mais um dicionário de corrupçao desses

Pastor Everaldo e a igreja invisivel






Preso por corrupção, Pastor Everaldo "batizou" Bolsonaro e Wilson Witzel











Jair Messias sendo batizado pelo pastor Everaldo, no rio Jordão, em Israel, no dia 12 de maio de 2016 - Reprodução
Jair Messias sendo batizado pelo pastor Everaldo, no rio Jordão, em Israel, no dia 12 de maio de 2016Imagem: Reprodução


Leonardo Sakamoto
Colunista do UOL
28/08/2020 07h53
Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, foi preso, na manhã desta sexta (28), em meio a uma investigação sobre o desvio de recursos públicos da saúde no Estado do Rio de Janeiro, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Apontado como chefe do esquema, o governador Wilson Witzel (PSC) foi afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Entre os fatos marcantes da carreira política de três décadas de Everaldo - quinto colocado na eleição presidencial de 2014 e acusado pela operação Lava Jato de receber R$ 6 milhões da Odebrecht para ajudar uma mão a Aécio Neves (PSDB) em um debate presidencial na TV - estão o "batismo" religioso e político de duas figuras que já foram aliados e hoje se odeiam publicamente: Jair Bolsonaro (sem partido) e o próprio Witzel.Witzel.
O primeiro batismo é metafórico. Foi Everaldo quem acabou trazendo Witzel à política, "inventando" a candidatura de um desconhecido juiz que, colado à imagem de Jair Bolsonaro e empunhando o discurso do "a polícia vai mirar na cabecinha e... fogo!", acabou por desbancar o favorito Eduardo Paes (DEM) e levar o Palácio Guanabara. Depois, estranhou-se com sua criatura, mas daí é outra história.
O segundo é literal e metafórico. Everaldo foi quem batizou o então deputado federal Jair Bolsonaro, em uma cerimônia nas águas do rio Jordão, em Israel, no dia 12 de maio de 2016.
A data, muito provavelmente, não foi escolhida ao acaso. Na manhã daquele dia 12, o plenário do Senado Federal autorizou a abertura do processo de impeachment do mandato de Dilma Rousseff (PT) por 55 votos contra 22. Com isso, ela foi afastada do cargo, dando lugar a Michel Temer (MDB). Bolsonaro celebrou o fato nas redes sociais.
Jair Messias continua católico. Mas seu processo de aproximação com os evangélicos teve na cerimônia conduzida por um pastor-político da Assembleia de Deus, em Israel, um de seus momentos simbólicos. O que ajudou a pavimentar seu caminho até a Presidência da República. Bolsonaro, que durante muito tempo pregou no deserto sendo desdenhado pela imprensa, foi construindo a imagem falando em cultos e recebendo cobertura simpática em programas de rádio e TV ligados às igrejas.
Vale lembrar que sua esposa, Michelle "Por-que-Queiroz-depositou-R$ 89 mil-na-sua-conta?" Bolsonaro é evangélica.
O presidente disputou à eleição de 2018 pelo PSL. Mas foi filiado ao PSC nos dois anos anteriores. Dois meses antes de afundar nas águas do Jordão, foi estrela de outra cerimônia, dessa vez em um lotado auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, para sua filiação ao partido, no dia 2 de março de 2016. No evento, ele foi lançado como pré-candidato à Presidência da República nos discursos dos presentes, inclusive o do pastor Everaldo.
O pastor-político, ou político-pastor, agora preso, já foi aliado de Anthony Garotinho e Eduardo Cunha. E comandava a Cedae (Companhia de Águas e Esgotos do Estado do Rio). Sim, a Cedae, aquela que, neste ano, esteve sob holofotes porque água distribuía turva, fedida e com gosto ruim para os moradores. Esteve sempre aliado ao poder e, portanto, a sua história se confunde com a história das negociatas fluminenses.
Mas antes de dizer que Everaldo é uma pessoa de visão, vale ponderam que participar de um esquema de desvios de recursos da saúde em meio a uma pandemia de coronavírus que está no centro dos  holofotes do país e do mundo é um erro estratégico até para o mais fisiológico dos políticos.
Agentes da Polícia Federal e procuradores da República estão cumprindo mandados de prisão e de busca e apreensão contra políticos e empresários envolvidos no esquema na manhã desta sexta. Entre os alvos também estão o vice-governador, Claudio Castro (PSC), que assume no lugar de Witzel, e o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano (PT).
Materia do colunista da UOL Leonardo Sakamoto 

Tenho dito, 

Bloqueixas Popular
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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